Por Maurício Wiklicky e Pedro Galante
O Grêmio recebeu o São Paulo na sua arena. O duelo de tricolores – quinto e sexto, antes da partida – seria um confronto na briga pelas vagas diretas à Copa Libertadores. Depois de um primeiro tempo sonolento, o tricolor gaúcho decidiu o jogo em seis minutos.
Do lado gremista, a grande mudança foi a entrada de Pepê no lugar de Tardelli. O grande questionamento antes do jogo era, é possível Everton e Pepê, os dois melhores jogadores ofensivos do Grêmio jogarem junto, sendo da mesma posição? Logo de cara foi visto o posicionamento diferente dos donos da casa, saindo do tradicional 4231, para um 442, com Everton ao lado de Luciano no comando de ataque, com Pepê pela extrema esquerda e Alisson pela extrema direita.
Pepê e Alisson pelo lados. Fonte: Instat
Luciano e Everton mais centralizados no ataque. Fonte: Instat
Posicionamento médio durante a partida. Fonte Instat.
Fernando Diniz fez apenas uma alteração em relação a última vitória contra o Vasco: Luan no lugar de Tchê Tchê, suspenso. A equipe ficou assim: Volpi, Juanfran, Arboleda, B. Alves e Reinaldo; Luan; Antony, Dani Alves, Igor Gomes e Vitor Bueno; Pablo. A estratégia era pressionar em um 4-4-2 com Igor ao lado de Pablo e Luan e Dani lado a lado no meio campo. Com a bola, Dani era segundo volante e Igor Gomes trabalhava entre as linhas junto com os pontas.
Sem a bola, São Paulo se defendia em um 4-4-2. Por vezes, Luan deixava a linha para marcar Everton Cebolinha. (Foto: Instat/ Pedro Galante)
O São Paulo colocava bastante jogadores nas costas dos volantes do Grêmio, mas quase não conseguia acioná-los, se conseguia, sempre com lentidão previsível. Esse comportamento moroso do ataque não é novidade e tem atrapalhado a criação de boas chances.
Trio de meias atuou atrás do centroavante Pablo. Perceba como estão todos de costas ou distantes da área. (Foto: Instat/ Pedro Galante)
Do lado gremista, apesar de toda qualidade e inteligência de Everton, é complicada uma alteração tão grande no sistema de jogo e em seu posicionamento. Não só na parte tática, e suas devidas mudanças de posicionamentos, apoios e encaixes, mas também de ordem técnica. Todos sabemos que Everton é destro, e sua grande jogada é entrar em velocidade pelo lado esquerdo, e cortar para a direita para ter a possibilidade de chute.
Fernando Diniz precisa trabalhar dois princípios fundamentais com seus comandados: a infiltração e a ultrapassagem. O jogo do São Paulo tem sido completamente um jogo de bola no pé, de esperar para receber no pé e resolver no espaço pequeno, mas, como dito, a falta de velocidade (e aqui não falo só de velocidade física, mas também – e principalmente – de raciocínio) impede o sucesso dessa estratégia.
Infiltração e ultrapassagem são necessárias, pois se tratam de ações onde há um movimento efetivo, um ataque ao espaço. Essas ações ajudam a bagunçar a linha de defesa adversária e progredir com mais facilidade.
Não fosse Bruno Alves, Paulo Victor não teria trabalhado na primeira etapa. Aos 25, o zagueiro recebeu no campo de defesa e foi avançando, avançando até chutar de longe e conseguir escanteio. Foi essa a produção ofensiva do São Paulo nos 45 iniciais.
No início da segunda etapa, o São Paulo demonstrava uma atitude uma pouco mais agressiva: em menos de 10 minutos já havia finalizados o dobro de vezes em relação ao primeiro tempo. As duas para fora – e aqui outro problema tricolor: criar chances tem sido difícil, converte-las mais ainda. Coisa que o Grêmio fez, com um expected goals de 1.81, fez 3, o que significa alto índice de aproveitamento. Lapsos do São Paulo, mas grande velocidade do Grêmio. Por exemplo no primeiro gol, onde Maicon recebe a bola no espaço vazio, cercado por quatro jogadores toca para Alisson, e aqui começa a velocidade. Alisson quebra linhas, dá um passe para Pepê que entra em velocidade pela esquerda. Pepê passa para Luciano, que toca para Everton que aproveita o espaço vazio para avançar e ter 3 opções de passe Pepê já na direita (fez o facão), Luciano no meio e Alisson na sua esquerda, que sofre o pênalti.
Fonte Instat: Edição Maurício Wiklicky
Diniz colocou Raniel, Helinho e Gabriel Sara, tirou Pablo, Vitor Bueno e Juanfran. Preferiu deixar Alexandre Pato no banco, assim como Hernanes, grande contratação para a temporada. Há um descompasso muito grande entre o que se planejou e o que ocorreu no ano do São Paulo. Apesar do ataque sonolento da primeira etapa, Fernando Diniz voltou com a equipe melhor e não podia entrar em campo para acordar seus jogadores entre os três gols adversários. Discutir sobre o treinador é superficial, mas ao que tudo indica é o preferido da diretoria e dos jogadores para o ano que vem. A próxima rodada traz mais um confronto direto. Uma final contra o Inter, com a última vaga direta à Libertadores como título.
Já o Grêmio, classificado para a fase de grupos da Libertadores, mostra que é possível jogar com Everton e Pepê. Claro, que dependerá de muito treinamento e nova organização tática e e técnica, para não perder o talente de nenhum dos dois, mas há uma esperança para 2020…