Por Felipe Henriques
Os dois primeiros minutos de jogo no Beira-Rio mostraram bem como o Flamengo estava disposto a se impor na casa do Colorado, ao criar duas chances perigosas que pararam no goleiro Marcelo Lomba. Na primeira, Rafinha destacou-se pela interceptação que iniciou o ataque, sem esquecer do belo passe de ruptura de Filipe Luís. Na segunda, Cuéllar tabelou com Everton Ribeiro e deixou Gabigol na cara do gol, porém o camisa 9 não aproveitou.
Foram dois minutos onde a intensidade rubro-negra gerou um cenário hostil para quem tinha o “fator casa” como um trunfo para reverter a desvantagem de dois gols, mas que quase sofreu mais dois nos primeiros minutos de jogo. O Inter parecia perdido com os ataques rubro-negros e perdia duelos no meio-campo, já que o setor estava descompacto e entregue ao domínio rubro-negro.
Sem Willian Arão, JJ escalou sua equipe no 4-2-3-1 com Gérson recuado para a posição de volante pela esquerda, fazendo dupla com Cuéllar. Na trinca de meias, Everton Ribeiro flutuava desde o centro, Arrascaeta atuou pela direita, mas com liberdade para deslocar-se e Bruno Henrique pela canhota, com Gabigol mais avançado.
Podemos destacar o lado direito como o mais utilizado pelo Flamengo para construir, já que Everton, Arrascaeta e Rafinha formavam um trio que se aproximava e conseguia triangular e abrir espaços na defesa colorada, sempre com Cuéllar posicionado para acionar o pressão pós-perda e manter o domínio territorial.
Já pelo lado esquerdo, Gérson teve dificuldades para fechar o setor nas investidas de Edenílson e acabou tendo uma atuação abaixo da média que vem apresentando, principalmente ao perder a maioria dos duelos aéreos disputados (venceu apenas um em cinco), além de ficar mais preso na fase defensiva.
Outro fator que podemos destacar é o jogo mental, em que o Flamengo mostrou-se estar mais concentrado para sair vencedor do confronto. Pressionado e acuado, o Inter tentou desestabilizar o time do Flamengo com divididas mais fortes, porém apenas ficava cada vez mais nervoso e desconcentrado, cedendo espaços na defesa e nulo no ataque com passes errados, domínios errados e total desatenção.

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A verdade é que o Flamengo conseguiu ser superior em todas as fases do jogo no 1T: Psicológica, técnica, tática e física e não seria exagero dizer que a imposição rubro-negra poderia resultar em uma vitória por 3-0 ao findar dos primeiros 45 minutos e a confirmação absoluta da classificação. Porém, a falha na hora da finalização impediu a realização desse cenário.
Na única vez que a estratégia rubro-negra falhou no 1T foi quando a pressão não funcionou e resultou na finalização de Patrick, na entrada da área.
No 2T, o Flamengo baixou a guarda e o pugilista gaúcho partiu pra cima e conseguiu aplicar um golpe, com o gol de Rodrigo Lindoso se antecipando a defesa rubro-negra, que estava mais atenta à Patrick, Rodrigo Moledo e Guerrero, após bela cobrança de falta de D’Alessandro.
A tentativa colorada de encaixotar o Flamengo e impedir a saída de jogo fez com que, com muito mais ânimo do que propriamente organização, cercasse a área ofensiva com as passagens de Patrick e Edenílson até a linha de fundo e com Guerrero saindo da área para buscar aproximação com Nico López e Wellington Silva, com D’Alessandro centralizado.
Com os volantes rubro-negros perdendo duelos e não conseguindo impedir os avanços colorados, coube aos zagueiros Rodrigo Caio e principalmente Pablo Marí protegerem bem a área e não cederem finalizações. Marí, aliás, esteve impecável nos desarmes e parece a cada jogo mais adaptado ao Flamengo e ao estilo de jogo de Jorge Jesus.
Sem a posse, o Mengão resolveu apostar nas transições ofensivas e nos contra-ataques, principalmente após a entrada de Berrío no lugar de Everton Ribeiro, deslocando Arrascaeta para a região central do 4-2-3-1. Quando Odair resolveu apostar tudo ao promover a entrada de Sarrafiore no lugar de Victor Cuesta, o próprio jovem atacante acabou sendo protagonista no lance que definiu a partida.
Arrascaeta efetuou o desarme próximo à linha de fundo e iniciou a transição acionando Bruno Henrique, que acelerou até a área e serviu Gabigol, que completou para as redes. Destaque para a indecisão de Edenílson no lance e o retorno insuficiente de Rodrigo Moledo, que não conseguiu acompanhar a velocidade do contra-ataque.
Trinta e cinco anos depois, o Flamengo está entre os semifinalistas da Copa Libertadores da América e enfrentará o Grêmio, primeiro retornando à Porto Alegre e decidindo no Maracanã, nos confrontos que acontecerão em Outubro.