Por Ítalo Amorim
“Um homem que quer reger a orquestra precisa dar as costas à plateia.”- James Cook.
Foto: reportagem do site SempreMilan.
A frase do explorador britânico James Cook diz mais sobre Marco Giampaolo do que parece, um homem cheio de convicções e que dificilmente abdica das suas ideias mesmo com as mais terríveis ventanias, assim como todo grande explorador.
Mas quem é Sir. Giampaolo? Bom, o suíço-italiano Marco Giampaolo é um ex-jogador que se firmou no Calcio depois de sua boa passagem no Empoli na temporada 15/16.
Já anunciado como treinador do Milan e com uma carreira sem tantos holofotes como jogador, Marco iniciou sua carreira como auxiliar em 1986 e sua carreira como treinador em meados de 2004.
Mesmo com muitas críticas e desconfianças, Marco demonstrou valor no momento pré-Milan como mostra a tabela abaixo:
Contextualizado o nome vamos ao recorte que interessa: análise tática das suas equipes entre 2015 e 2019.
Nessa primeira parte o recorte será do Empoli, enquanto a segunda parte trará o trabalho de Marco na Sampdoria e o que esperar dele no Milan.
Empoli: temporada 15/16.
Marco chegou ao Empoli com a missão de repor Maurizio Sarri, recém-contratado pelo Napoli, e tentar de algum modo não perder a essência do estilo do time.
Com saídas relevantes e chegadas que posteriormente se mostrariam essenciais, o Empoli-base de Marco Giampaolo tinha:
Um time não tão leve quanto o de Sarri mas que igualmente gostava de ter a bola. Os ataques e reposições defensivas se davam pela faixa central do campo, cabendo aos jogadores mais aberto o começo do momento ofensivo pós-recuperação da bola (extremamente funcional contra equipes que exploravam o ataque pelo corredor).
MODELO DE ATAQUE:
Partindo da defesa para o ataque, observava-se um time com uma movimentação muito particular: o habitual recuo do volante central não existia tanto, a linha de quatro era preservada, mas com liberações dos alas (amplitude para abrir o time adversário) e havia uma aproximação das linhas (tornando possível triangulações por dentro ou pelo corredor). Estruturalmente ficava assim:
Enquanto a bola estava nas duas primeiras linhas os passes eram mais objetivos e rápidos, o time evitava prender bola no seu terço do campo (partindo da ideia que o campo pode ser dividido em três pedaços: zona do time X, zona de combate e zona do time Y).
A partir do momento que a bola saía desse terço inicial o jogo deixava de ser tão mecanizado, Saponara (meia-armador) recebia a bola com mais campo (linha de quatro e linha de três aproximadas, o adversário era forçado a subir sua marcação e, consequentemente, desconstruir sua superioridade numérica na região de atuação do Saponara) e era o responsável por verticalizar o jogo da equipe (tanto para os dois homens de frente quanto para os laterais, bastante participativos).
Chegando ao ataque vemos outra movimentação: arco e flecha, normalmente o homem de referência ao lado de um segundo atacante.
Essa variação de funções ocorria conforme a jogada, quando o time concentrava ações no bloco direito o “arco” (segundo atacante) era Pucciarelli e a “flecha” (o atacante que escapava no bloco inverso ao da jogada) era o Maccarone, quando o time concentrava ações no bloco esquerda essa movimentação se invertia. Estruturalmente ficando assim, sendo que desses o Saponara era o único que não guardava posição (exemplo com ação no lado esquerdo):
MODELO DE DEFESA:
Defensivamente o time “dançava conforme a música”, o básico era uma 2-4-4 mas que variava para uma 3-4-3 conforme o lado de ataque do adversário, como por exemplo:
Modelo base de marcação: 2-4-4.
Ataque do adversário iniciando no lado direito defensivo: 3-4-3 (a mesma movimentação ocorria na esquerda, só que com o Mário Rui e com o Büchel).
2 comentários sobre “Marco Giampaolo e a sinfonia que toca sempre no mesmo ritmo – ANALISE DO NOVO TÉCNICO DO MILAN”