Por Guilherme Monteiro e João Vitor Splendore
Terminada a fase de grupos da Copa Africana de Nações. Não foi primorosa tecnicamente, mas foi interessantíssima, pela competitividade de algumas seleções (especialmente as mais técnicas e o debutante Madagascar) e pelo altíssimo nível em que atuam os jogadores do continente. A seguir, alguns destaques desta 1° fase, coletivos e individuais.
Uganda:
Fonte: Trivela
A equipe da África Oriental vem sendo uma grata surpresa na competição. Uma equipe que apresenta um consistente sistema defensivo e que aposta na velocidade de seus extremos para criar perigo aos seus oponentes.
Campanha:
1 vitória
1 empate
1 derrota
3 gols marcados
3 gols sofridos
Plano de jogo/equipe-base:
4-2-3-1 de Sebastian Desabre. Via: TacticalPad.
Como já mencionado a equipe ugandense tem como força a velocidade de seus extremos em fase ofensiva. Em fase defensiva a equipe muda sua plataforma e utiliza o 4-4-2, buscando negar e ocupar bem os espaços com uma forte pressão ao portador da bola, que também potencializa as ações em fase ofensiva, visto que jogando com as linhas mais baixas e tendo o contra-ataque como ponto forte, a velocidade dos pontas é vital para acelerar o jogo e oferecer perigo aos adversários. Outro ponto destacável é o uso de chutes de fora da área como mais uma arma ofensiva. A equipe tem bons arrematadores e tem sido uma das que mais finalizam de média/longa distância na competição.
Senegal:
Fonte: Twitter Oficial da Federação Senegalesa de Futebol.
A equipe comandada por Aliou Cissé chegou a Copa Africana com fome e desejo de tirar a seca de bons resultados na competição, o que não ocorre desde 2002, quando chegou a final e perdeu para Camarões. Os principais pilares são Koulibaly, na defesa, e Sadio Mané, no ataque. A campanha foi dentro da expectativa (quanto ao número de pontos), com 2 vitórias convincentes contra adversários palpáveis (Quênia e Tanzânia) e 1 derrota diante da Argélia.
Plano de Jogo/equipe-base:
4-1-4-1 de Aliou Cissé. Via: TacticalPad.
Os senegaleses fizeram uma primeira fase já esperada e sem muitas modificações em relação à equipe que foi à Copa do Mundo. Senegal demonstrou dificuldades em superar sistemas defensivos bem montados e estruturados, o que tem sido uma constante nessa Copa Africana. É uma equipe muito física que tem como característica forte o jogo aéreo, mas também busca por meio de bolas longas encontrar seu principal jogador, Sadio Mané, o camisa 10 do Liverpool, que vem fazendo um torneio admirável, sendo o motorzinho da equipe, com liberdade posicional, contribuindo com gols e assistências. É o jogador do desafogo para o modelo com bolas mais longas, mas também de um modelo mais construtivo e com posse de bola.
Marrocos:
Fonte: Gazeta Esportiva.
Marrocos chegou à Copa da África cercado de expectativas, vindo de uma boa Copa do Mundo, em que uma boa base do plantel fora mantida. Classificou-se seguramente, apesar de ter oscilado (o desempenho) na competição. Campanha com 100% de aproveitamento, com 3 gols marcados e nenhum sofrido.
Plano de Jogo/equipe-base:
4-2-3-1 de Hervé Renard. Via: TacticalPad.
Marrocos, em fase ofensiva, no 4-2-3-1, apresenta certa variabilidade nas construções, mas preferencialmente procura atacar pelo lado esquerdo, com boas associações entre Hakimi e Amrabat, e eventualmente Ziyech, que se movimenta muito. Também há o recurso da bola longa, a partir do goleiro Bounou ou do zagueiro Saiss, buscando ativar o 9 En-Nesyri. Defendendo, a equipe alterna entre o 4-1-4-1 e o 4-4-2, buscando negar e ocupar muito bem os espaços, dificultando a progressão do adversário.
Benin:
Fonte: Twitter Oficial Copa Africana de Nações.
A equipe beninense foi estável na competição, com algumas boas peças no grupo como Stevie Mounié, principal jogador do país na atualidade. Com uma campanha de 3 pontos, sendo todos eles empates, a equipe avançou como uma das melhores terceirascolocadas. Marcou 2 gols no campeonato e sofreu 2.
Plano de Jogo/equipe-base:
4-1-4-1 de Michel Dussuyer. Via: TacticalPad.
A equipe treinada por Michel Dussuyer, foi montada num 4-1-4-1, em 2 dos 3 jogos. Nestes, concentrou as ações ofensivas pelo lado direito do ataque, onde buscava Poté, em profundidade, ou Barazé, que atacava o corredor (aberto por Poté) e realizava os cruzamentos. As bolas paradas são chaves para a equipe, sempre visando a referência que é Mounié, em todos os sentidos. Todavia, nas defensivas, a equipa tem sofrido bastante, principalmente se a bola é lançada na 2° trave ou no meio da área.
Egito:
Fonte: Twitter Oficial Copa Africana de Nações.
A seleção que é a maior campeã do torneio com 7 títulos, novamente chega neste ano como forte candidata a conquista do caneco, sendo a 2° equipe mais experiente do torneio e tendo bons jogadores no setor de meio campo e ataque. Aos poucos a equipe vem conseguindo assimilar as ideias de seu treinador, com um bom balanço defensivo e com Salah e Trezeguet, que resolvem lá na frente e vêm trazendo as vitórias para os Faraós.
Campanha:
3 Vitórias
5 gols marcados
0 gols sofridos
100% de aproveitamento
Plano de Jogo/equipe-base:
4-2-3-1 de Javier Aguirre na seleção egípcia. Via: TacticalPad.
O Egito vem jogando num 4-2-3-1, proposto por seu técnico Javier Aguirre. A equipe tem como força principal o lado esquerdo de ataque, com o lateral Ashraf, dando bastante profundidade, chegando bem à linha de fundo e Trezeguet, o extremo que busca fazer constantemente o que chamamos de “facão”, que consiste em sair da ponta pro meio e finalizar. O meia El Said apresenta boa qualidade associativa, busca se movimentar bastante na zona central, cai bastante pelo lado esquerdo e distribui bons passes. Elneny, volante que joga no Arsenal-ING, vem contribuindo bastante com bons passes, especialmente com lançamentos, que deixam seus companheiros em boas condições de marcar.
África do Sul:
Fonte: Site oficial da Federação Sul-Africana de Futebol.
A seleção treinada por Stuart Baxter, que tinha seu forte sistema defensivo como trunfo antes do início da campetição, viu a manutenção deste sistema sólido, mas acabou notabilizando-se pela extrema dificuldade criativa. A equipe aposta muito em Percy Tau e LeboMothiba para conseguir ser efetiva em campo ofensivo.
Plano de jogo/equipe-base:
4-4-2 de Stuart Baxter. Via: TacticalPad.
A África do Sul apresenta bons nomes no setor de ataque (Mothiba e Percy Tau). Eles são o coração da equipe, que tem muitas dificuldades na criação, mas contorna estes problemas utilizando os pivôs de Mothiba e a movimentação de Percy Tau (aproximações), com as ligações diretas. Em fase defensiva, é uma equipe que se posta no 4-1-4-1, buscando conter as ações do adversário pelo meio-campo, forçando que criem pelos lados. Por vezes, têm dificuldades em manter a linha compacta, porque seus zagueiros acabam realizando perseguições mais longas que o normal, o que tem feito com que se encontrem espaços.
Nigéria:
Fonte: Twitter Oficial Copa Africana de Nações.
Após um hiato de participações na Copa Africana a seleção nigeriana retornou ao campeonato continental com um desempenho bem abaixo do esperado, apresentando dificuldades ofensivas e apostando demasiadamente em lançamentos (em profundidade), buscando Musa, Chukwueze, Kalu ou Moses. A equipe foi paupérrima no quesito gols marcados, mas manteve sua solidez defensiva característica, com destaque para o zagueiro Omeruo (que já tinha terminado bem a temporada no Leganés).
Campanha:
2 vitórias
1 derrota
2 gols marcados
2 gols sofridos
Plano de jogo/equipe-base:
4-1-4-1 de GernotRohr. Via: TacticalPad.
A Nigéria tem sofrido bastante quando encontra equipes mais fechadas e que marcam em bloco baixo, pois com as linhas mais recuadas, exige-se uma maior movimentação de seus atletas para poder circular a bola mais rápido. Foi comum em alguns momentos encontrar a equipe totalmente lenta e sem dinâmica no meio campo, optando por bolas longas (em profundidade) – buscando Musa, Simon ou Kalu-, que deram muito certo contra Guiné, mas não contra Madagascar, quando foi superada pela boa marcação da equipe malgaxe pelos lados do campo e saiu derrotada.
Camarões:
Fonte: Aposta10.com.
Camarões, o atual campeão do torneio, fez uma fase de grupos bem abaixo das expectativas. Com dificuldades para superar seus adversários, classificou-se na última rodada com um empate diante da aguerrida e organizada seleção de Benin. Somou 5 pontos (1 vitória e 2 empates), marcando 2 gols. Não foi vazado.
Posicionamento médio dos atletas (nos 3 jogos):
A seleção camaronesa tem buscado a valorização da posse de bola e o controle das ações por meio dela, entretanto tem esbarrando no forte bloqueio de seus adversários e não tem conseguido transformar o volume de jogo que tem em chances de gol. O técnico Clarence Seedorf também não tem sido muito feliz em algumas escalações/substituições, colocando jogadores em posições que não condizem com as características do atleta. Em fase defensiva, é uma equipe que busca pressionar bastante o adversário, mas em contraponto tem deixado sua defesa exposta, cedendo alguns contra-ataques e padecendo de uma melhor marcação pelos lados do campo.