Por Ítalo Amorim e Juliano Rangel
Na noite da última sexta-feira (28) ocorreu mais um confronto das quartas de final da Copa América entre Colômbia e Chile.
De um lado a seleção colombiana, 100% na competição, líder do seu grupo e nenhum gol sofrido. Do outro, a seleção chilena, com o terceiro melhor ataque da primeira fase e uma média de dois gols por jogo no torneio.
PRÉ-JOGO:
Disposições táticas iniciais das duas equipes (Foto: Tacticalpad)
COLÔMBIA: os comandados de Carlos Queiroz mantiveram a habitual variação entre 4-3-3 e 4-2-3-1. Com James Rodríguez sendo o armador das jogadas e Juan Cuadrado variando entre atacar o corredor e recompor o meio como uma espécie de terceiro homem.
CHILE: os comandados de Reinaldo Rueda retornaram para o seu habitual 4-3-3, bastante físico e ofensivo. Modelo que permite superioridade qualitativa por dentro e escape pelas laterais.
PRIMEIRO TEMPO:
O primeiro tempo foi bastante congestionado, a Colômbia sofreu para atacar as alas e viu o Chile com uma ideia mais ofensiva controlar as ações da partida.
Essa compactação do meio-campo chileno munida do avanço dos laterais segurou o ímpeto colombiano, obrigando uma nova variação (4-4-1-1) para o time de Carlos Queiroz.
Retornando ao seu tradicional 4-3-3, Reinaldo Rueda pôde contar com as voltas de Beausejour, Vidal, Fuenzalida e Isla para propor um jogo mais ofensivo.
Com a bola rolando, a equipe se apresentou bem compacta nas fases defensivas e contava com os retornos de Fuenzalida e Sánchez pelos lados deixando apenas Vargas mais a frente num 4-5-1.
Diferentemente dos últimos jogos, Pulgar adotava um posicionamento mais temporizador e atuando mais próximo dos zagueiros para formar uma linha com cinco homens nas transições defensivas.
Pulgar trabalhando entre os zagueiros nos momentos defensivos formando uma linha com cinco homens (Foto: Instat/Edição: Juliano Rangel).
Na saída bola, o camisa 13 contava com Vidal mais próximo e Aránguiz mais solto, o que foi uma ideia expressa por Rueda durante a semana.
Vidal mais próximo de Pulgar na saída de bola, com Aránguiz mais livre a frente e os laterais bem abertos gerando amplitude (Foto: Instat/Edição: Juliano Rangel).
Por mais que o roteiro do primeiro tempo tenha sido compactação chilena × variação colombiana, os primeiros minutos não foram bem assim. A equipe chilena por muitas vezes teve dificuldades em avançar com a bola por conta da marcação em bloco alto da Colômbia, passando a criar alternativas com jogadas em profundidade de Alexis Sánchez.
Atuando pela esquerda, o jogador do Manchester United contava com os apoios do bastante ofensivo Jean Beausejour (que, além de avançar, forçava o recuo dos homens abertos da Colômbia), enquanto na direita, Fuenzalida e Isla também atuavam bem próximos (gerando igualdade numérica e superioridade qualitativa no corredor).
Fuenzalida por dentro e Isla trabalhando mais abertos nas transições ofensivas. (Foto: Instat/Edição: Juliano Rangel).
A ideia dessas proximidades eram fazer os extremos trabalharam por dentro, com os laterais gerando amplitude pelos lados, apoiando e chegando bastante ao fundo.
Com esse caminho para chegar ao ataque o ritmo aumentou e o Chile chegou a ter um gol anulado pelo VAR, com Beausejour chegando ao fundo e Aránguiz pisando na área para mandar para as redes colombiana.
Assim como na esquerda, Sánchez e Beausejour repetem a movimentação nas transições ofensivas (Foto: Instat/Edição: Juliano Rangel).
Na bola aérea defensiva, Rueda tentava proteger a meta do goleiro Árias utilizando Maripán e Pulgar na marcação individual de Mina e Davinson Sánchez, respectivamente. Vidal também contribuía nesse reforço defensivo pelo alto nas cobranças de escanteios da Colômbia.
Pulgar e Maripán trabalhando de forma individual na marcação de Mina e Sánchez na bola aérea defensiva (Foto: Instat/Edição: Juliano Rangel)
Muito móvel, Sánchez também era muito buscado por Isla nas descidas pelos lados, com o lateral chileno invertendo a bola para o extremo que recebia fora da zona de pressão e trabalhava mais livre.
Inversão de lado com Sánchez fora da zona de pressão (Foto: Instat/Edição: Juliano Rangel)
SEGUNDO TEMPO:
Na segunda etapa, o Chile voltou sofrendo com a pressão em seu campo de defesa e saindo nas bolas em profundidade nos primeiros minutos de jogo.
Pulgar ajudando bastante nas coberturas, com Vidal e Aránguiz mais a frente deixando o meio-campo bem físico. Dessa forma o Chile segurava o elemento surpresa colombiano (M. Uribe) e forçava o recuo de James Rodríguez para a base da jogada, afastando o camisa 10 da Colômbia do terço final.
Em mais uma oportunidade o Chile teve um gol anulado pelo VAR, novamente com Isla explorando a inversão de lado com Sánchez mais livre para chutar e no rebote Vidal mandar para as redes de Ospina.
Com o jogo bem pegado e com o Chile sentido dificuldades para dominar as ações no meio-campo, Rueda colocou em campo Esteban Pavez, na vaga de Fuenzalida, para atuar ao lado do Pulgar. Isso fez a La Roja atuar num 4-4-2 até o final do tempo normal.
Rueda fechou o jogo num 4-4-2 com a entrada de Pavez. (Foto: Instat/Edição: Juliano Rangel).
Essa mudança casou com o novo posicionamento da Colômbia, abdicando do 4-2-3-1 e suas variantes para uma 3-5-2, com D. Zapata de segundo atacante para segurar os avanços de Pavez e os laterais (S. Medina e W. Tesillo) aparecendo como alas.
PÊNALTIS:
Com o placar zerado, a decisão foi para os pênaltis. Os jogadores chilenos mantiveram a precisão nas batidas, explorando bastante o lado esquerdo de Ospina. Com o erro de Tesillo, Sánchez só teve o trabalho de marcar e colocar o Chile nas semifinais da competição.
Golpe duro para a seleção de Carlos Queiroz e festa para os comandados de Rueda. Nas semifinais o Chile enfrentará o Peru (03/07), que passou pelo Uruguai também nos pênaltis.
Chegando para competição sem o favoritismo das duas últimas edições, a equipe chilena apresentou um padrão com a cara de Rueda, se mantendo bem consistente defensiva, mas sem abrir mão de propor seu jogo com muita posse de bola.
Agora tem pelo caminho o rival histórico Peru, que tem por característica ser mais reativo. Brigado e muito físico, esse deve ser o roteiro do confronto que pode ser a penúltima parada da estrada para um possível título.
Do outro lado a seleção colombiana se despede da competição com um “norte” muito claro em ideia de jogo, o time absorveu muito bem a ideia de Carlos Queiroz e vende caro a eliminação (tanto que não sofreu gols durante todo o torneio). É manter a ideia e pensar no futuro.