Por Rafael Maciel e Juliano Rangel
Sem fazer mistério desde a escalação, que seguiu o que Rueda havia divulgado na última semana, o Chile começou a partida com seu habitual 4-3-3 pressionando o Japão ainda no campo de ataque, com suas três linhas bem adiantadas. Já o técnico Moriyasu surpreendeu ao escalar a equipe japonesa no 4-4-2 ao invés do 3-4-3.
Com uma marcação em bloco alto e com muita intensidade, o trio de ataque formado por Fuenzalida, Alexis Sánchez e Eduardo Vargas contava com o apoio de Vidal e Aránguiz na hora de pressionar a saída de bola japonesa. Com isso, a equipe asiática se via praticamente obrigada a sair na bola longa, o que facilitava a recuperação da pelota no setor de meio-campo do Chile.

Com uma postura mais reativa, os japoneses também iniciaram o jogo subindo o bloco de marcação e pressionando muito a saída do Chile. Na metade do primeiro tempo, após conseguir anular as primeiras investidas do Chile, a equipe baixou um pouco seu bloco defensivo e até os 30 minutos do primeiro tempo, o Japão mesmo ficando com uma posse bem inferior, tinha mais finalizações que o adversário.
Por sua vez, o Chile utilizava bastante da posse de bola desde o a saída de jogo, com Erick Pulgar retornando para atuar entre a linha de zaga formada por Gary Medel e Guillermo Maripán. As inversões de bola para de acelerar o jogo eram constantes. Ponto forte desta “Era Rueda”, a amplitude dos laterais Maurício Isla e Jean Beausejour nas transições ofensivas e o apoio de ambos nas jogadas pelos lados foram os pontos chaves nas chegadas ao ataque da equipe chilena.

Neste quesito, o Isla se apresentava com ampla frequência pelo setor direito de ataque. Com os laterais bem abertos, os extremos Alexis Sanchez e Fuenzalida entravam em diagonal, enquanto que Vidal e Charles Aranguiz (esse último teve mais liberdade para infiltrar na área japonesa durante o primeiro tempo) interiorizavam desde a fase de construção até a chegada na área japonesa. Vargas também contribuiu abrindo espaços para as infiltrações dos homens de meio-campo.

No aspecto ofensivo, o Japão buscava acelerar o jogo, após recuperar a posse, buscando encaixar passes verticais mais longos ou até mesmo acelerando nas conduções rápidas de Nakajima (centro/esquerda), Kubo (esquerda/direita) ou Maeda (direita).
Enquanto Shibasaki protegia muito bem a linha defensiva japonesa, Nakajima procurava espaços para receber a bola em condições de arquitetar as ações ofensivas do Japão. O camisa 10 foi bastante participativo, mas acabou não sendo a principal fonte criativa dos japoneses. Coube ao capitão Shibasaki a tarefa de construir as principais chances da equipe, efetuando 4 passes decisivos, sendo 2, após recuperar a posse no campo de ataque.
Com essa grande presença do Japão no ataque, o perigo para defesa chilena eram os contra-ataques, que aconteciam com mais facilidade pelos lados, principalmente com Nakajima explorando o lado esquerdo de ataque, que ficava desprotegido com os avanços de Isla ao ataque chileno.

Com esses espaços, o Japão começou a pressionar a saída de bola chilena, bloqueando as ações de Erick Pulgar que fazia ligação entre a linha de defesa e meio-campo chileno. A solução da equipe chilena para sair dessa pressão eram as jogadas pelos lados.
Depois dos 30 minutos iniciais, o Chile assumiu o controle das ações com o número de cruzamentos na direção da área japonesa aumentando consideravelmente. E foi de uma jogada aérea, após uma cobrança de escanteio realizada por Aránguiz, que Pulgar subiu mais alto para, de cabeça, abrir o placar no Morumbi.
Na segunda etapa, as duas equipes voltaram com a mesma postura tática do primeiro tempo. O gol fez com que Pulgar chegasse mais à área japonesa nas cobranças de bola parada, enquanto que na fase defensiva ele contou com uma maior aproximação Aránguiz para ajudá-lo na marcação. Já Vidal, foi mais ofensivo e só postava mais adiantado.

Sem abrir mão das chegadas pelos lados, a equipe de Rueda começou a trocar mais passes e a girar a bola no campo de ataque, com Isla apoiando bastante Fuenzalida no lado direito. Em um desses momentos, o lateral encontrou Vargas, que dá entrada da aérea chutou para ampliar o placar.
Na esquerda, Sánchez se desgarrava do setor e flutuava até o meio, onde conseguia criar lances em profundidade. O problema para o time chileno continuava sendo as rápidas transições ofensivas do Japão no setor esquerdo, justamente no espaço deixado por Isla.
A partir dos 15 minutos, o ritmo da equipe chilena começou a cair e as finalizações do Japão foram aumentando. Mesmo com a queda no rendimento, o Japão acabou pecando na defesa (cobertura defensiva, proteção dos corredores e disputas aéreas), mas sua principal falha foi no desperdício de grandes chances no ataque.
De acordo com o Sofascore, o Japão construí 4 grandes chances e desperdiçou todas elas (todas as 4 na figura do jovem atacante Ayase Ueda). Porém o site de estatísticas acabou não contabilizando uma jogada que Take Kubo tabelou na esquerda e driblou dois marcadores dentro da área, ficando em uma clara situação de 1×1 contra o goleiro adversário, mas acabou chutando para fora. Ou seja, nada menos do que 5 grandes chances foram desperdiçadas pelos japoneses.
Descrição das 5 grandes chances criadas pelo Japão:
- 1º Chance:
- Shibasaki intercepta passe no campo de ataque e efetua um belo passe de ruptura para deixar Ueda na cara de Arias. O atacante dribla o goleiro, mas acaba ficando com ângulo reduzido e chuta para fora.
Foto: Reprodução/Myfootball.top
- Shibasaki intercepta passe no campo de ataque e efetua um belo passe de ruptura para deixar Ueda na cara de Arias. O atacante dribla o goleiro, mas acaba ficando com ângulo reduzido e chuta para fora.
- 2º Chance: recuperação de Shibasaki no campo de ataque, quando cruzou para Ueda na segunda trave, que sem marcação, chutou para fora;
- 3º Chance: Kubo tabelou na esquerda e utilizou de sua agilidade para se livrar de dois marcadores e ficar em situação 1×1 contra o goleiro chileno. Acertou a rede pelo lado de fora! Terceira grande chance perdida;
- 4º Chance: Ataque rápido orquestrado por Kubo por dentro, ele abre para Nakajima que cruza rasteiro para Ueda. O atacante se esticou, mas só conseguiu raspar a bola na segunda trave. Quarta grande chance perdida (terceira do Ueda);
- 5º Chance: Ueda recebe passe de ruptura de Koji Miyoshi pelo meio e fica novamente em situação de 1×1 contra o arqueiro chileno. Bola rápida, mas boa defesa de Arias. Quinta chance perdida (quarta do Ueda).
Rueda resolveu mexer na equipe, mas manteve o sistema tático. Para acabar com as investidas pelo setor direito da defesa chilena, Óscar Opazo foi lançando no jogo com Isla sendo avançado para a função de extremo na direita. Já o sistema defensivo no meio-campo ganhou o reforçou de Pablo Hernández, que na vaga de Vidal, passou a jogar mais próximo de Aránguiz e Pulgar.
A equipe conseguiu uma melhora defensivamente e, no ataque, ainda marcou mais dois gols aos 36 e 37 minutos, respectivamente. O terceiro gol com Aráguiz tendo liberdade para chegar ao ataque e receber em profundidade para cruzar e Sánchez marcar.
Já o quarto gol foi marcado por Vargas, após receber uma bola em profundidade de Alexis Sánchez e acertar um belo chute que encobriu o goleiro Keisuke Osako e deu números finais ao jogo.
RESUMO:
Principalmente pelo lado japonês, a impressão que ficou foi de um jogo onde os erros custaram caro e o placar não refletiu a total verdade do jogo, mas há coisas positivas nesta jovem equipe do Japão. Já o Chile, mostrou sua eficiência no aspecto coletivo e demonstrou que Rueda precisa trabalhar mais o aspecto defensivo nos momentos de transições defensivas.
DESTAQUES INDIVIDUAIS:
Japão: Shibasaki, Kubo e Nakajima
Chile: Charles Aránguiz e Erick Pulgar
O camisa 20 da seleção chilena assumiu a liderança do quesito assistências da Copa América, além de ter acertados quatro cruzamento em sete e ter ganho cinco duelos em sete disputados. Confira os números de Aránguiz publicados pelo site Sofascore:

NÚMEROS:
@rafaellomaciel
@julianords