Por Ícaro Caldas Leite e João Vitor Bonamin
Antes da abertura da Copa América alguns torcedores vaiaram Tite. Talvez, aquilo fosse um presságio pelo primeiro tempo não tão convincente e bastante decepcionante do Brasil.
A seleção brasileira produziu pouco do que esperava-se dela. Tite voltou com alguns conceitos que não deram muito certo nos amistosos pós-copa, como ficar com o ponta preso na linha lateral sem liberdade para se movimentar em outros setores do campo, assim limitando o seu futebol.
A Bolívia tentava congestionar o meio-campo (com 4 meias alinhados e Raúl Castro um pouco mais à frente, mas também recompondo) e fazia encaixes/perseguições. No 1T teve êxito, apesar de, entre linhas, ter sofrido um pouco.
Na medida do possível, Haquín e Jusino (a dupla de zaga) foram bem – somaram algumas intervenções. A equipe teve apenas 26% de posse de bola e não produziu quase nada com ela. Marcelo Moreno, que recebia jogo direto, estava muito isolado e não conseguia dar sequência às jogadas. A fragilidade técnica da equipe é tamanha.
Definitivamente a seleção é o oposto da Bolívia, mas esbarrou na falta de criatividade dos meio-campistas. O Brasil não conseguia criar chances por dentro através de toques rápidos, triangulações e movimentações. O jeito era tentar criá-las pelas laterais com os pontas, mas apelando muito em cruzamentos que não levaram grande perigo ao gol dos bolivianos.
No seu 4-2-3-1 com a bola, com a marcação pressão boliviana, encaixes individuais e com perseguições longas, o Brasil abria espaços com Firmino e tinha Fernandinho entrando, mas quando isso ocorria a bola não conseguia passar.
Como já era previsto, os laterais atuaram na maior parte do primeiro tempo como meio-campistas. Foram responsáveis por auxiliar Fernandinho, algo que, com Casemiro, é mais complexo de acontecer. Os laterais articulavam, faziam inversões de jogo e participavam do momento ofensivo.
O Brasil, na saída de bola, tem como principal objetivo trabalhá-la de pé em pé, mas não conseguiu fazê-lo bem no primeiro tempo. Havia uma distância entre a zaga e o meio e os atacantes.
Faltaram muitas coisas à seleção no primeiro tempo, como a criatividade no meio campo para fazer a bola chegar mais aos atacantes, o apoio destes e bolas rasteiras – a equipe estava apostando muito em cruzamentos (quase sempre se precipitando).
Logo nos primeiros minutos do segundo tempo, a seleção produziu o que não conseguiu no primeiro tempo: jogada trabalhada de pé em pé.
Toque de bola, movimentação, bola do Luís no Firmino, de Firmino para Richarlison (na ponta aberto), que tenta cruzar, mas um jogador boliviano põe a mão na bola.
No segundo gol, a jogada se desenhou basicamente no mesmo movimento do lance que originou o penâlti, mas a execução foi mais bem feita. Bola do Filipe Luís para o Richarlison (ponta direita que estava centralizado fazendo o pivô), dele para o Firmino, Coutinho entra no espaço e o Firmino manda na medida.
A partir do segundo gol, o ritmo da seleção caiu, mas a equipe continuou com a posse de boa, envolvendo o adversário.
As substituições feitas por Tite foram todas no ataque. As trocas foram Firmino por Jesus, Neres por Everton e Richarlison por William.
Com a entrada de Jesus, a seleção continuou com profundidade, Jesus driblando, fazendo pivô, indo para cima.
Com a entrada do Everton, a seleção teve amplitude (ponta aberto na lateral do campo esperando a bola), confronto no 1×1 e um belo gol ao modelo de jogo do Tite, o jogo de posição.
Bola de pé em pé, movimentação, paciência para a bola chegar no pé e, a partir daí, a execução de sua função. Fernandinho (que ainda é muito criticado pelo jogo contra a Bélgica, na Copa da Rússia, e pelo 7×1) estava com 3 em cima e ainda assim achou um belo passe para o Cebolinha fazer o que o brasileiro gosta: ir pra cima dos adversários e marcar um belo gol.
Com Willian em campo, ele ainda parece sentir o ritmo de jogo. Convocado no lugar de Neymar, Willian estava de férias, trabalhou em alguns setores, mas ainda está longe de ser o ideal.
O Brasil jogou bem, fez o papel de casa. Não sofreu na defesa, foi eficiente no ataque e mostrou organização. A Bolívia é muito limitada tecnicamente, mas complicou o Brasil no primeiro tempo, o que também pode fazer nos próximos jogos. Ambos voltam a campo na terça-feira. Acompanharemos!
Belo analise resurmiu perfeitamente o jogo… parabéns
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#aprendemosjuntos
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