“Implantar seu conceito de futebol no Manchester City é uma tarefa complicada e árdua, porque a equipe que Pep herdou não possuía uma identidade reconhecível e singular de jogo, e também não se destacou por seu caráter ambicioso, traços que eram definidores do Barcelona e do Bayern.
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Manchester é uma obra nova, que parte sem ideias preconcebidas e sem uma estrutura de jogo consolidada e identificável. Os planos do novo edifício representam sua absoluta incumbência. Aí está também a grande responsabilidade que ele assume. Durante as férias de verão, falamos sobre esse desafio e Pep foi muito sucinto: “É o trabalho mais difícil que já enfrentei”.” Trechos de ‘Pep Guardiola: A evolução’, de Marti Perarnau.
Pep Guardiola não foi contratado ao City só para conquistar a Champions League. Um dos seus maiores objetivos é de implantar a sua filosofia de jogo no clube (o que vem acontecendo).
Definitivamente, o Manchester City é o time no planeta que melhor coloca sua forma de jogar. É um time que não importa se vão jogar os titulares, reservas ou os meninos da academia. Todos que entram sabem o que fazer em campo.
Pep Guardiola é cobrado por não vencer a Champions League fora do Barcelona e sem o Messi. O que merece ser cobrado sim, por tudo que conquistou, por ser o melhor treinador da sua geração, pelo investimento que faz e por ser a mente mais influente do futebol mundial nos últimos 10 anos.
Na temporada atual (18-19), a sua equipe tem chegado ao estágio máximo de suas ideias. Uma variedade de ideias do seu time. Um time que quer jogar do mesmo jeito seja em casa ou fora, no calor ou no inverno, com os times titulares ou reservas.
Veja uma das maiores exibição do time na temporada:
Títulos conquistados até o momento:
Campeão da Supercopa da Inglaterra contra o Chelsea, vencendo por 2-0.
Campeão da Carabão Cup, vencendo o Chelsea nos pênaltis.
Briga forte pela Premier League com o Liverpool e no dia 18 de maio enfrentará o Watford pela final da FA CUP.
Podendo fechar a temporada com uma tríplice coroa, muitos ainda irão dizer que a temporada foi um fracasso. Um time passou maior parte da temporada jogando quarta e domingo. Três dias e um jogo, lutando por 4 títulos até a eliminação diante do Tottenham, onde a equipe pagou pelos erros defensivos, mas mostrou que tinha competência para fazer gols.
Mas como diz o próprio Pep em um trecho do seu livro, escrito pelo Martí Perarnau: “Com todo o respeito, já há muitos treinadores reativos. Nós somos filhos de Cruyff, de Juanma Lillo, de Pedernera, do Brasil dos anos 1970, de Menotti e Cappa, do Ajax, dos húngaros… Nós somos filhos de todos esses. Perdemos? Pois, o.k., amanhã o sol nascerá de novo e sonharei outros sonhos, tranquilos, está tudo bem. No futebol ninguém ganha sempre, amigo. Nem Maradona ganhava sempre. Nem Pelé.”
Como a equipe vem jogando quando tem a bola:
Saída apoiada da pressão.
Meio do campo: 4-1-2-3 (Saída posicional).
Campo adversário: 2-3-5 (saída dos zagueiros), laterais por dentro com o Fernandinho entre eles.

3-2-5 (Fernandinho recuado entre os zagueiros e sendo o zagueiro central/ Walker se tornando um terceiro zagueiro pela direita).
Quando não teve a bola, a equipe vem usando uns esquemas diferentes no decorrer da temporada:

4-1-4-1 Com Gundogan ou Fernandinho entre as linhas defesa e meio-campo e Aguero mais à frente da linha de Meio-campo.
4-2-3-1 com o Bernardo ajudando o Fernandinho na cobertura.
4-4-2 sendo utilizado já na reta final da temporada. David Silva e Aguero na frente das duas linhas de 4.
O perde-pressiona é uma das armas mais utilizadas pelo City:
Movimentações do Man City sem a bola:
O ponta do lado oposto onde a bola está, fecha por dentro.
Fernandinho faz as coberturas dos laterais.
Movimentos com a bola, a base de tudo: Triangulações.
Concentrar o jogo de um lado e inverter para o outro, a famosa tirar a bola da pressão também é uma virtude do Man City com a bola:
Linha defensiva sustentada, cobertura e compensação na posição: Walker sai da linha de defesa e vai apertar o lateral, Kompany compensa sua subida e Fernandinho compensa a subida do Kompany se tornando um zagueiro.
Marcação com encaixes individuais e por zona:
Pressão no campo do adversário com 6 jogadores.
Marcação por mista: por zona e com encaixes individuais.
Escanteio a favor e contra:
Marcação por zona com dois “muros” formando duas linhas de 4 e dois jogadores mais avançados na sobra para contra atacar.
Números apenas da Premier League e Champions League. Tabela feita pelo Rafael Maciel.
“Devemos reconhecer que a compreensão do jogo não é uma tarefa simples. O futebol contemporâneo alcançou uma elevada complexidade e, para compreender todos os fenômenos que ocorrem dentro do gramado, é conveniente se aproximar com a mente aberta, sem ideias preconcebidas, com atitude humilde.” Pep Guardiola.
@caldasicaro e @taticascitizens #Guardiolismo
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