Por Pedro Galante
Apesar da troca de técnicos e jogadores o São Paulo teve a oportunidade de disputar o título do Campeonato Paulista. Mesmo com a derrota, a campanha é positiva. Não quer dizer que deve ser comemorada, mas criticar a equipe ou o corpo técnico faz pouco sentido.
É preciso entender que o caminho até a final se deu pela conjectura. O planejamento – que era ruim – foi para os ares com a demissão de André Jardine. Na sequência, houve a aberração administrativa de contratar um treinador incapaz de assumir a equipe imediatamente. De qualquer forma a passagem de Mancini teve saldo positivo. O interino soube reconhecer os erros de seu antecessor e deu mais dinamismo e mobilidade ao time, afastando os medalhões e respaldando os garotos.
A equipe não tinha mecanismos definidos nem comportamentos assimilados, mas fez boas partidas, sabendo executar a estratégia a que se propunha. Não houve desenvolvimento de modelo algum, até porque não houve tempo; e ainda assim chegaram a final.
E Cuca chegou a final de mãos atadas. Conseguiu sufocar a posse de bola corintiana com seus encaixes individuais, mas foi nulo ofensivamente. É preciso considerar as condições: sem centroavante e sem segundo volante.
A ideia não é livrar Cuca de qualquer responsabilidade, mas perceber que suas opções estavam limitadas. Jucileinão foi uma boa escolha, mas dentre as opções fazia sentido. Everton Felipe e posteriormente Hernanes como centroavante não deram certo, mas não haviam outras opções no banco.
É preciso enxergar o quadro todo. O São Paulo chegou a final em um golpe de sorte. Colocou seus jovens em campo e esses responderam bem – poderiam não ter feito. Atenção: a crítica não é a entrada dos jovens, mas sim a isso acontecer como último recurso, como a “última bala no revolver. ”
Essa perspectiva de tentar cegamente até que algo de certo pode levar ao sucesso. Mas em caso de fracasso não adianta culpar a estratégia vigente, afinal ela foi escolhida ao acaso, sem julgamento.
Hoje, as perspectivas são boas para o tricolor paulista no Campeonato Brasileiro, mas essa não é uma previsão sólida. E não haverá previsão sólida enquanto o modus operandi do clube for este de apostar no impulso da troca e deixar seu planejamento de lado.
Que ao menos essa campanha explicite algo aos dirigentes do clube: os garotos. Cotia é um celeiro de craques que precisa ser melhor aproveitado. Há o exemplo latente do Ajax, que com um time que mescla jovens formados no clube e contratações pontuais está encantando a Europa.
Retomo o início do texto: apesar de tudo o time chegou à final. Talvez isso diga muito sobre um clube naturalmente vencedor, que apesar de todos erros administrativos segue tendo espasmos da sua verdadeira essência. Que não sufoquem essa força vital, que o São Paulo viva mais forte em nós, do que nós mesmos.