Em uma temporada de reconstrução, buscando basicamente se manter na elite para recuperar a confiança do clube, o Inter comandado pelo jovem técnico Odair Hellmann, iniciou o ano rodeado de desconfiança e crítica por todos os lados (incluindo da torcida).
Boas ideias, conceitos táticos interessantes e qualidade na leitura de jogo acabavam indicando um potencial que o treinador poderia alcançar, porém em campo as atuações oscilantes da equipe não inspiravam qualquer tipo de confiança.
As derrotas nos grenais, eliminação precoce no campeonato gaúcho e Copa do Brasil acenderam um sinal vermelho no Beira-Rio, entretanto Odair teve a confiança da direção para seguir no comando.
Obviamente que durante estes marcos negativos da temporada, ocorreram inúmeras lesões de jogadores titulares que acabaram prejudicando o desempenho da equipe (Damião, Pottker, D’Alessandro, etc).
Após um início modesto nas 4 primeiras rodadas do Brasileirão, nitidamente Odair conseguiu ajustar o sistema defensivo colorado e após as chegadas de algumas peças (Zeca, Lucca e Rossi) a equipe se encontrou no campeonato e nas 8 rodadas seguintes, conquistou 18 pontos (75% de aproveitamento).
Este foi o roteiro até a parada da Copa em junho.
Resta saber se após o retorno do campeonato, o Inter manterá a boa fase recente e terá fôlego para brigar por algo maior no campeonato (G-4).
- Modelo de Jogo: apesar de sempre optar em trabalhar tendo a posse de bola para propor o jogo, acaba modificando um pouco essa estratégia diante de adversários mais fortes (em jogos fora de casa), quando acaba baixando mais as linhas e para reagir em velocidade pelas extremas.
- Nos jogos em casa, a equipe colorada apresenta 58% de posse de bola, com muita profundidade (média de 73 m), tendo 61% das suas finalizações dentro da área (distância média 17 m). Sempre buscando a aproximação para dar opções curtas ao portador da bola (93% passes curtos).
- Nos jogos fora, a equipe colorada apresenta 48% de posse de bola, com menor profundidade (média de 66 m), tendo 59% das suas finalizações dentro da área (distância média 18 m). Desta forma, a equipe acaba mesclando mais passes curtos com lançamentos, para aproveitar os espaços no campo de ataque (89% passes curtos).
- Fase defensiva: Basicamente a equipe vem se defendendo com duas linhas de 4 (442) com marcação por zona, fazendo o perde-pressiona com muita intensidade. Porém em determinadas situações a equipe pode se defender no 4141 (ou 451), com linhas bem compactas.
Imagem da análise de Luiz Martins (MW Futebol)
A dupla de zaga formada por Moledo e Cuesta, se encaixaram muito bem, e com a proteção de Dourado, a defesa colorada vem evoluindo muito em relação à seu passado recente.
Atualmente o Inter possui o melhor Índice de Fechamento dos Espaços (% Passes Adversários Interceptados), com 3,7%. Isso demonstra muito a evolução da equipe no sentido de leitura dos espaços e posicionamento corporal coletivo.
Além disso, o Inter possui uma média muito boa de desarmes no campo de ataque (23%), o que demonstra a qualidade da pressão quando o Inter tenta marcar mais em cima, na saída do adversário.
- Fase ofensiva: no início do trabalho do técnico Odair, o Inter buscava trabalhar mais a bola antes de agredir os adversários, porém as características dos jogadores e a falta de recursos para propor com maior qualidade, forçaram a equipe à modificar esta postura.
Atuando de modo mais vertical, o Inter acaba por valorizar as características dos seus atletas que mais contribuem na fase ofensiva (Pottker, Lucca, Patrick e Nico Lópes), além dos laterais que estão apoiando com qualidade (Iago na esquerda e Zeca pela direita).
O Inter ainda é uma equipe que busca muita jogada aérea na área, porém isso acaba sendo positivo (quando se tem jogadas trabalhadas para isso) pelo fato do Inter ter a 2º maior média de disputas aéreas vencidas no Brasileirão com 55%, perdendo apenas para o São Paulo com 58%.
- RESUMO ESTATÍSTICO DA TEMPORADA:
- Destaques Individuais:
- Perspectiva pós copa
O Inter pós copa, poderá contar com o retorno de alguns atletas que estavam lesionados e que podem agregar muita qualidade no desempenho colorado como:
– D’Alessandro – Lesionado desde as vésperas do jogo diante da Chapecoense;
– Zeca – Entrou muito bem na equipe e sanou as deficiências coloradas no corredor direito. Se lesionou no empate diante do São Paulo e não atuou nas partidas contra o Santos e Vasco;
Além disso, o Inter está prospectando no mercado, alguns nomes para compor o elenco:
Joanathan Alves (30 anos, Uruguaio – Atacante): centroavante que alia imposição física com agilidade na movimentação. Jogou muito bem a temporada passada pelo Barcelona do Equador (inclusive, marcando gol na Arena). Atualmente não vem bem no Junior de Barranquilla.
Dario Aimar (25 anos, Equador – Zagueiro): zagueiro que costuma atuar pelo lado direito de defesa. Possui muita velocidade de recuperação e um bom jogo aéreo. Apesar de já ter sido negociado com o Cruz Azul do México, ele vinha atuando pelo Barcelona do Equador, perlo fato de que os mexicanos excederam os limites de estrangeiro. Viria por empréstimo para o Inter.
Mesmo tendo alguns jogadores que receberam sondagens (Cuesta, Moledo, Klaus, Dourado, Nico e Pottker), o Inter até o momento não negociou a saída de nenhum atleta que compõe o elenco titular e reservas imediatos.
Caso Odair consiga manter a solidez defensiva e aumentar a capacidade de criação ofensiva do Inter, o colorado passará à disputar a parte de cima. Caso não haja desfalques significativos no elenco e se houver o acréscimo pontual em algumas posições, o Inter terá vantagem com as demais equipes da ponta da tabela, pois está disputando unicamente o Brasileirão… ou seja, foco total.